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Espalhando o sal – 9

29 junho, 2008

Durante as minhas pesquisa fui acumulando muitas histórias dos colportores. O texto abaixo foi enviado por Sr. José Remigio Cerqueira Leite, descendente de Jose Fernandes Braga e Antonio Cerqueira Leite. Aproveito aqui para agradecer mais uma vez a gentileza de José Remígio.

 

O texto  foi escrito por, Tomas Gallart, em sua Bíblia, um edição traduzida pelo Padre Figueredo, impressa em 1850 na Inglaterra (Kalley só se utilizava dessa tradução embora gostasse muito da versão de Almeida).

 

A narrativa embora muito fragmentada permite ter uma breve noção do trabalho dos colportores no sec. XIX. Tomas viajou do Rio Grande do Sul ao Amazonas, e vei a falecer em 1876.

 

“Recebi esta Bíblia na Bahia, sendo caixeiro do escoces David Easton, fornecedor de navios no ano de 1856.

 

Foi oferecida pelo capitão do barco ingles Surret, e o nome do capitão era Greenham.

 

Nasce meu filho Thomas no dia 11 de dezembro 1857 na freguesia da Conceição da Praia de Bahia, e foi batizado na mesma freguesia no dia 21 de janeiro de 1858. Eramos nesse tempo catolicos romanos.

 

Embarquamos na Bahia de mudança para o Rio de Janeiro no dia 7 de novembro de 1859.

 

Nasce meu filho Candido no dia 17 de setembro de 1860 na rua da praia do Saco de Alferes no Rio de Janeiro.

 

No dia 12 de abril de 1861 fui convertido ao ouvir um sermão do ministro do evangelho, Dr. Robert Reid Kalley, ministrado na 1ª Igreja Evangélica Fluminense, reconhecida pelo governo imperial no Rio de Janeiro.

 

Rio de Janeiro, 30 de junho de 1861. Recebi hoje o batismo ministerial pelo reverendo Dr. Robert Reid Kalley, ministro da 1ª Igreja Evangelica Fluminense no Rio de Janeiro e tive lugar pela primeira vez, na participação do pão e do vinho, na ceia do Senhor.

 

Rio de Janeiro, 12 agosto 1861.

Hoje, sendo 7 e meia para as 8 da noite, estando eu com as pessoas de seguintes nomes: Julio Hespanhol(negociante de sapatos) e Barbosa com negócio de molhados na esquina da rua Gamboa; Manoel Orge Hespanhol, morador com venda de molhados na esquina de fronte a Igreja St. Antonio na rua dos Invalidos, outros dois que não sei o nome, um mocinho brasileiro e outro é portugues da fabrica de sabão na Gamboa, estavamos na Casa de Oração, a casa do irmão Francisco da Gama, estando o Dr. Kalley explicando o Evangelho, jogaram algumas pedras na vidraça das janelas que quebraram os vidros, saimos para ver o que era, e não vimos ninguem. Continuamos as explicações e em poucos minutos tornaram a jogar pedradas próxima. Os cinco nossos e eu, chegando no alto da rua do Propósito estava uma grande porção do povo que investia contra nós como feras, armados de pás e pedras, onde Barbosa caiu ferido com a cabeça com uma grande brecha. Depois foram atacar a casa do irmão Gama, nº 52 da rua do Propósito, donde estava Dr. Kalley, e fizeram muito para arrombar a porta; depois chegou o subdelegado com um praça de policia que lhe custou restabelecer a ordem.

Esta perseguição demorou tres dias, foram espancados alguns irmãos e filhos menores.

 

Contratei-me com a Sociedade Biblica de Nova York para vender Biblais na Bahia, e sai com a minha familia do Rio de Janeiro para Bahia no dia 23 de abril de 1862.

 

Bahia, sabado 26 de abril de 1862

Chegamos hoje nesta cidade as 7 da manha no vapor Nacional Cruzeiro do Sul., capitão Marcelo.

 

Bahia 1 maio de 1862

Depois de ter tirado licença de Vendas Provinciais, hoje sai a rua pela primeira vez nesta cidade vendendo Biblias.

 

Bahia, 17 de junho de 1862. As 10 h da manha na rua do Caquende, nº 26, morreu meu filho Israel.

 

Bahia, 9 de fevereiro de 1863, Hoje chegou a esta cidade o Rev. Ricardo Holden, o primeiro ministro que veio pregar o Evangelho na Bahia.

 

Cidade da Cachoeira, na Provincia da Bahia. Quarta-feira 3 de junho de 1863.

Neste dia o vigario Requião, vigario desta mesma cidade, seriam 3 h da tarde, pouco mais ou menos, me veio atacar na rua com uma porção do povo, pedindo me o dinheiro das Biblias que ali eu tinha vendido; e, como eu não quis ceder, me prendeu  por ordem do delegado de policia para proibir de vender Biblias em Cachoeira …o Senhor me livrou. Nesse dia tinha vendido 51 Biblias.

 

Bahia, 31 de maio 1864. deixei de trabalhar para a Sociedade Biblica de Nova York.

 

Bahia, 1 dezembro de 1864. Hoje principiei a trabalhar como colportor na Sociedade Britanica e Estrangeiras da Biblia em Londres.

 

Bahia, 12 de março de 1866.  Nasceu meu filho Felix.

 

Saimos da cidade da Bahia com minha familia para ir ao Rio de Janeiro no serviço da Sociedade. Britanica e Estrangeira da Biblia de Londres, junto conosco o irmão João Antonio de Menezes. Nos ocupamos no serviço da venda de Biblias, no sabado 15 de setembro de 1866.

 

Vila Nova de Rainha, provincia da Bahia, 3 de outubro dde 1866. Morreu meu filho Felix, que havia nascido 12 de março desse mesmo ano, correndo todo o processo de lei para enterro do menino, pois não professamos a religião do Estado.

 

Chegamos na vila de Juazeiro no sabado a noite do dia 13 de outubro 1866, primeiro posto do rio S. Francisco distante 90 leguas da capital da Bahia.

 

Saimos de Juazeiro no dia 28 de novembro de 1866 e chegamos na vila da Barra do Rio Grande no dia 27 de dezembro do mesmo ano.

 

Saimos da vila da Barra do Rio Grande no dia 3 de junho de 1867 e chegamos  na cidade de Januaria  do Porto do Salgado, provincia de Minas Geraes no dia 9 de julho de 1867.

 

Saimos de Januaria no dia 17 de janeiro de 1868 para cidade de Paracatu, onde chegamos no dia 5 de março de 1868.

 

Nasceu o menino Felix 2º no sabado de aleluia para domingo da Ressureição: não podemos saber se foi no sabado se no domingo, pois não tinhamos relogio. Digo, nasceu o menino na noite de 11 para manhã de 12 de abril de 1868..

 

Morreu o menino Felix 2º na vila de Juazeiro no dia 25 de abril de 1869 as 7 h da noite.

 

Rio de Janeiro 4 de janeiro de 1871. Hoje as 10 h da noite morreu o meu filho, Thomaz, com 12 anos de idade..”

 

“Para os meu filhos: Pr 13:24; 23:13,14; 29:15,17”

2 Comentários leave one →
  1. Alcione Gallart permalink
    19 outubro, 2009 4:33 pm

    Muito interessante, ser descendente de um colportor, fiquei muito interessado no tema, aonde poderia conseguir maiores informações sobre Tomás Gallart .

    Obrigado,

    Alcione Gallart

    • Graca Maria Galvao Gallart permalink
      15 fevereiro, 2014 12:27 am

      Eu trabalhava na mesbla do passeio no ano de1996,1997, quando atendi uma senhora no meu caixa, e ela ao pagar com cheque vi que ela tinha o mesmo sobrenome que o meu, Alcione Gallart, dai conversamos um pouco, ele me deu seu telefone, mas nunca liguei, mas ela me deu a vontade de pesquisar e encontrar minhas raizes, alguns dizem que nao exista coincidencia ou destino, mas a pergunta que fica e:haviam outros caixas, e porque o meu vagou no exato momento de sua vez a ser atendida? Porque eu deveria saber de alguma forma que minha familia estava perto e pronta pra ser encontrada? Entao hoje recebi este texto de Cristina Asensi, depois de anos que mandei atraves de uma comunidade no orkut um e-mail para tambem encontrar membros da familia Asensi, e a minha maior surpresa e q ela leu meu e-mail enviado a anos atras e logo me respondeu, me passando informavoes fascinantes, estou curtindo muito, agradeco tambem a dona Anna Jessussa, a qual foi meu primeiro contato virtual, tambem pela comunidade Gallart no orkut, a voces agradeco muito por encontrar minhas raizes e poder mostrar a historia de nossa familia aos meus filhos, um beijo enorme a todos, e mais uma vez obrigada,

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